BP recebeu muitas cartas de crianças e adolescentes solicitando ajuda, perguntando sobre o sucesso dos grupos de cadetes mensageiros em Mafeking. Quando retornou à Inglaterra, descobriu que seu livro “Aids to Scouting” tinha ficado muito popular (apesar de ser feito para militares) e que as pessoas, e até escolas, estavam tentando praticar suas dicas e fazendo jogos de “scouting”.
Foi nesta hora que BP começou a ter algumas idéias de como isso poderia ser usado de uma forma positiva. Naquela época existia muita pobreza, especialmente em Londres. Os jovens tinham pouco que fazer, muitos nem iam à escola. Não existia televisão, rádio, internet. Na falta do que fazer, muitos jovens se agrupavam em gangues para fazer bagunça.
BP pesquisou muito sobre organizações para jovens e começou a visitar alguns. Uma de suas grandes fontes de inspiração foi Ernest Thompson Seton, um conhecido autor de aventuras, ele mesmo um aventureiro Americano, que havia fundado o movimento The Woodcraft Indians em 1902. Seton veio a auxiliar na fundação do escotismo nos Estados Unidos. Muitas idéias dos livros de Seton foram aproveitadas por BP.
Outro movimento de inspiração foi o Boys' Brigade (Brigada de Meninos), um movimento para jovens tipo soldados-mirins, liderados pelo Sir William Smith. Baden-Powell sugeriu ao Sir William que utiliza-se o “scouting” e outras atividades ao ar livre na programação do Boys' Brigade, em um esforço para aumentar o interesse. E Sir William, homem cheio de idéias e entusiasmo, foi quem sugeriu a Baden-Powell adaptar seu livro para ser usado por meninos. Em entrevista de 1937, BP conta:
“Você poderia re-escrever ‘Aids to Scouting’,” perguntou Sir William Smith, “para que fosse mais interessante para os jovens, ao invés de soldados, e que fará deles homens de verdade e bons cidadãos?”
“Então foi isso que fiz.”
“Mas antes de escrever, planejei e testei minhas idéias. Eu juntei uns vinte rapazes de todo tipo, alguns das escolas Eton e Harrow, alguns da Zona Leste de Londres, alguns meninos de fazenda e outros que trabalhavam em lojas, e misturei-os como passas em um bolo para que vivessem juntos em um camp. Eu queria ver até onde a idéia interessaria a diferentes garotos. Os resultados com os garotos naquele pequeno período ensinaram-me as possibilidades que um treinamento de “scout” tinha. Então imediatamente comecei a trabalhar, e escrevi “Scouting for Boys”, com a intenção de que fosse útil para organizações existentes, tais como Boys' Brigade, Church Lads Brigade (Brigada dos Meninos de Igreja), YMCA (Associação Cristã de Moços), entre outros.
“O livro saiu em fascículos quinzenais. Antes de todas as partes serem publicadas, comecei a receber cartas de jovens que decidiram entrar na brincadeira por si, jovens que não pertenciam a nenhum movimento. Durante o ano seguinte, meninos estavam me escrevendo para dizer que tinham formado Patrulhas e Tropas, e que haviam arrumado um homem para ser o Chefe deles.”
Em 1909, Baden Powell teve que abrir um escritório para coordenar e administrar esse movimento que surgia. Também organizou uma reunião de Scouts ao sul de Londres, em Crystal Palace. Para sua surpresa 11.000 apareceram. Outra surpresa: tinha muitas meninas. O registro delas foi permitido até que o movimento Bandeirante foi fundado pela irmã de BP, Agnes.
(O Movimento Bandeirante sempre foi um movimento irmão, mas separado do Escotismo, mas hoje muitos países juntaram os movimentos. Em outros países, como no Brasil, continuam a existir os dois movimentos, mas que estão aceitando jovens de ambos os sexos.)
Então, em 1910 já com 53 anos de idade, BP passou a dedicar o resto de sua vida ao escotismo. Ele fez o máximo possível de visitas a Tropas já formadas. Em 1912 iniciou uma viajem por oito meses, inspecionando o escotismo na Índia, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Depois veio seu casamento. Foi no dia 30 de Outubro de 1912 com Olave Soames. Ele tinha 55 anos e ela era bem mais jovem.
BP sempre dizia: “O Escotismo é um MOVIMENTO e não uma ORGANIZAÇÃO” (ele queria dizer que o Escotismo estava sempre mudando, de modo a se ajustar aos tempos). Isso só fazia crescer mais ainda o movimento até que em 1916 veio o Lobismo, para atender os irmãos menores dos escoteiros (7 a 11 anos).
Durante a Primeira Guerra, BP escreveu vários livros, entre eles; O Manual do Lobinho e Bandeirantismo.